A memória de Giorgia Depaoli num espaço dedicado a ela e nas ações das mulheres de Caia

A memória de Giorgia Depaoli num espaço dedicado a ela e nas ações das mulheres de Caia

Aos 20 de Junho de 2024, em Caia, Moçambique, foi inaugurada a Sala Giorgia, um espaço dedicado aos direitos das mulheres, criado para lembrar Giorgia Depaoli e para continuar o seu compromisso. Giorgia, cooperante e especialista em questões de género, trabalhava para as Nações Unidas e, no passado, foi colaboradora do CAM.

O Consórcio Associações com Moçambique (CAM), juntamente com os familiares e amigos de Giorgia, decidiram continuar, em sua memória, o compromisso que ela manteve com paixão e atividade durante toda a sua vida, até ao seu falecimento, exatamente há dois anos: a defesa dos direitos das mulheres, o empoderamento e a igualdade de oportunidades para todas e todos.

O grupo de mulheres que agora opera na Sala Giorgia foi fundado pela própria Giorgia, entre 2017 e 2018, quando organizou a formação do núcleo de ativistas que agora ampliaram o grupo, denominado “GMPIS – Grupo Mães de Partilha de Ideias de Sofala – Caia”, uma associação de “mulheres que partilham ideias”.

A cerimónia muito participada, com corte da fita, discursos e entrega de bicicletas que serão utilizadas nas atividades nas aldeias, reuniu as ativistas do grupo GMPIS, autoridades locais, staff do CAM e membros da comunidade.

Descarregue o relatório com as fotos e o resumo da cerimónia e das outras atividades realizadas nos primeiros seis meses de 2024.

É possível apoiar o projeto com doações ao CAM (IBAN IT82B0501811700000017203647) com a finalidade “lembrando Giorgia”.


 

Juntos por uma inovação na economia circular

Juntos por uma inovação na economia circular

O projeto Inovação Circular cresce com novas iniciativas e muitos jovens envolvidos

 

O projecto Inovaçao Circular chegou agora a meio e já é possível ver os frutos entre a vibrante comunidade de jovens envolvidos nas suas muitas iniciativas.
 
As duas incubadoras de empresas HubLink e Palincune são activas e dinâmicas, e há muitas Médias e Pequenas Empresas na zona da Beira que operam na economia circular apoiadas pelas vias de aceleração.
 
Basta seguir a página Facebook do projecto, para ter provas, através de fotografias e textos, do empenhamento e da energia que ele pode dar.
 
Na galeria seguinte, temos  algumas imagens referentes a:
  • Visita do novo representante do CAM em Moçambique, Marco Andreoni a Incubadora de Negócios PALINCUNE da Universidade de Zambeze e inauguração de uma Mini-Biblioteca sobre empresas sustentáveis (12 de Março).
  • Visitas a algumas das empresas/start-ups apoiadas pelo programa no âmbito da colaboração com a UniNova e a Hub Link e à empresa N.Escolhas acelerada no âmbito do projeto IaC (7 de Março).
  • Formação sobre a redação e gestão de projectos e estratégias de angariação de fundos para os membros das duas incubadoras e para os directores e pessoal da Universidade Zambeze (21-22 de Fevereiro).
  • Lançamento do primeiro Programa de Incubação de 2024 pela Hublink e assinatura de acordos de compromisso com jovens empresários (16 de Fevereiro).
  • Reunião de apresentação dos ateliers de formação profissional para os jovens do bairro Macuti Miquejo em colaboração com o projecto Mudar (9 Fevereiro).
  • Visita do Embaixador da UE em Moçambique, Antonino Maggiore, com o objetivo de conhecer o mundo empresarial de Moçambique e o projecto Inovaçao Circular (30 de Janeiro).
Inovaçao circular é um projecto de quatro anos (2022-2025) cofinanciado pela União Europeia, a Fundação San Zeno e a Otto per Mille Valdese. É realizado pelo CAM em conjunto com a Fundação Aurora, a Universidade Zambeze e a Universidade de Coimbra.
Actualizações do Webinar sobre Empreendedorismo Sustentável

Actualizações do Webinar sobre Empreendedorismo Sustentável

Decorreu na quinta-feira, dia 23 de Março, o Webinar sobre Sustentabilidade Empreendedora e Economia Verde, integrado no projeto Inovação Circular (IAC), destinado a jovens empreendedores moçambicanos.

A participação no Webinar foi muito sentida: 80 pessoas ligadas online para acompanhar os vários debates e intervenções organizadas pelos parceiros do projecto.

As intervenções foram agrupadas em áreas temáticas, todas focadas em fazer negócios com vista à sustentabilidade ambiental. Durante a abertura do Webinar, a nossa colaboradora Margherita Busana apresentou a realidade do CAM, o propósito do projecto IaC e os conteúdos do Webinar.

Seguiram várias ideias de especialistas em empreendedorismo sustentável. David Franco, director da incubadora HubLink Moçambique, destacou as ligações entre negócios lineares e alterações climáticas e a importância da adoção de uma lógica circular para limitar os danos ambientais em Moçambique, com particular referência ao distrito da Beira. Os temas abordados foram desde a necessidade de melhorar a gestão de resíduos em Moçambique, à redução do consumismo, desde o cumprimento da meta de desperdício zero, até à redução dos custos dos materiais para os sectores mineiro, agrícola e energético.

Falando de gestão de resíduos, Carlos Serra, diretor do CEAR, salientou que em Moçambique há uma falta de gestão generalizada da emergência de resíduos. Na verdade, mesmo os municípios mais organizados do país não têm um projeto de cooperação com os cidadãos locais para melhorar a colecta de lixo. No entanto, o CEAR organiza um serviço de recolha de metais sob o nome de Djova Xitaduma para colmatar esta lacuna de gestão.

Marta Sachy, por outro lado, diretora da Fundação Aurora, mencionou duas realidades importantes em África para a aceleração de uma economia circular: a ACEA, que lida com sistemas alimentares, embalagens, eletrónica, moda e sistemas de construção, e os fundos ACEF, que visam desenvolver competências técnicas e institucionais para uma transição verde das empresas.

A partir das entrevistas com alguns dos participantes no Webinar, verificou-se que, no geral, os jovens estavam satisfeitos tanto com a organização como com o conteúdo do evento, e alguns sublinharam como o Webinar enriqueceu os seus conhecimentos sobre a economia circular. Alguns jovens sugeriram também a inclusão de alguns estudos de caso de realidades empresariais verdes bem-sucedidas, um truque que a administração certamente levará em grande consideração para uma reunião futura.

EMERGÊNCIA DE RESÍDUOS MÉDICOS NA BEIRA

EMERGÊNCIA DE RESÍDUOS MÉDICOS NA BEIRA

A impossibilidade de eliminação segura dos resíduos médicos produzidos pelo HCB (Hospital Central da Beira) está a criar uma emergência sanitária e riscos para o meio ambiente. Lançamos uma campanha de crowdfunding para permitir a realibilitação da incineradora de resíduoa Médicos perigosos. 

 

No Hospital Central da Beira e nos outros inúmeros centros de saúde da cidade, capital provincial de Sofala e segunda maior cidade de Moçambique, com 743.565 habitantes, são produzidas diariamente várias toneladas de resíduos biomédicos. Cerca de 15% destes resíduos são perigosos, porque correm risco de infecção, nitidez, biológicos ou químicos (por exemplo, material anatómico e infectado, agulhas, seringas, máscaras, aventais, ligaduras, etc.). Portanto, é necessária uma segregação precisa da fracção perigosa produzida por um hospital e subsequente gerenciamento dedicado.

 

No dia 02 de Novembro de 2023, a incineradora sofreu o desabamento da chaminé, como se pode ver nas fotos. Trata-se de um prejuízo muito grave para o hospital e para as comunidades que vivem no seu redor, pois os resíduos não podem mais ser descartados com segurança. Neste momento, os resíduos estão sendo acumulados atrás do hospital, o que representa um grande risco para a saúde das pessoas, especialmente para as pessoas com doenças crónicas, crianças e idosos. Estes tipos de resíduos não podem ser eliminados em conjunto com outros resíduos comuns, uma vez que também contêm material orgânico e infectado presente em agulhas, seringas, máscaras e ligaduras. O Hospital Central da Beira é a unidade de saúde mais importante da cidade, pode oferecer até 1000 camas e é o único ponto da Beira onde os resíduos sólidos perigosos podem ser tratados. 

Desde 2021, o CAM tem vindo a colaborar com o Serviço Distrital de Saúde da Beira com projectos na área da gestão de resíduos médicos, que têm contemplado acções de formação de pessoal, a criação de uma empresa local especializada no tratamento de resíduos e a aquisição de maquinaria específica, graças ao projecto SIRSU. É um esterilizador de resíduos médicos perigososseguro para as pessoas e para o meio ambiente, ao lado da incineradora, que é menos sustentável, mas necessário para descartar todos os resíduos, evitando que acabem directamente em aterros sanitários, onde muitas pessoas trabalham sem protecção em busca de materiais recicláveis.

Assim nasceu a empresa Empresa SABEque desde 2022 começou a lidar com o descarte de resíduos médicos utilizando a máquina esterilizadora NW15. A empresa é também uma das start-ups na economia verde que é acelerada pelo programa de incubação e aceleração de negócios do projecto Inovaçao Circular

No entanto, a grande quantidade de resíduos médicos perigosos na cidade da Beira não pode ser tratada apenas pelo esterilizador, que actualmente reduz a carga de resíduos incinerados em cerca de 50%, reduzindo assim o impacto ambiental. Além disso, para um óptimo funcionamento do esterilizador, algumas categorias de resíduos não devem ser incluídas, como os resíduos farmacêuticos e os resíduos semelhantes aos resíduos comuns produzidos pelos hospitais, que, no entanto, são frequentemente misturados com outros resíduos perigosos, dada a dificuldade de recolha selectiva na fonte e nas unidades de saúde municipais.

 

Para fazer face a esta emergência de higiene pública, o CAM propõe uma angariação de fundos para apoiar o hospital e as comunidades locais. O objectivo desta recolha é a reabilitação da incineradora e da estrutura que permitirá restaurar uma actividade de eliminação correcta e assim salvaguardar a saúde da população e do meio ambiente urbano envolvente.
 

 

O objectivo económico da nossa angariação de fundos é angariar 20.000 Euros até 12 de Janeiro de 2024, de forma a poder reactivar a incineradora o mais rápido possível.

 

 

Devemos e queremos agir rapidamente, ajuda-nos a fazer a diferença.

  

Muito obrigado pela vossa generosidade.

 
DEDUÇÕES FISCAIS DE ACORDO COM O DIREITO ITALIANO
 

Se quiser deduzir o seu donativo, pode deixar o seu nome, apelido e código fiscal connosco através do e-maila cam@trentinomozambico.org e guardar o recibo da transação que encontrará no seu extrato bancário ou no resumo da transação bancária

A directora da Fundação Aurora Marta Sachy na Beira para consolidar o projecto Inovação Circular

A directora da Fundação Aurora Marta Sachy na Beira para consolidar o projecto Inovação Circular

Directora da Fundação Aurora Marta Sachy deslocou-se à Beira de 18 de Novembro a 04 de Dezembro de 2022 para o projecto InovAção Circular (IAC) – cujo objectivo é reforçar o desenvolvimento socioeconómico da cidade da Beira, através do reforço das incubadoras de empresas e do apoio às PMEs (Pequenas e Médias Empresas), com foco na economia circular. Mas Marta Sachy tem uma ligação especial com o CAM, tendo sido responsável pela área Sócio Saúde em Caia e depois Coordenadora-Geral do CAM em Moçambique entre 2010 e 2014.

Marta Sachy trabalhou em estreita colaboração com Margherita Busana – Gestora do Projecto Inovação Circlar, e Ana Rita Querido Ana Rita Querido, da UC Business para ajudar a fazer avançar o projecto lançado em Maio de 2022. Durante a missão, houve momentos de formação conjunta com a HubLink, incubadora de negócios que o projecto pretende reforçar, para actividades de acompanhamento que visam:

  • Inspirar o negócio e o plano financeiro;
  • Desenvolver documentos descritivos do processo de incubação e aceleração;
  • Realizar reuniões com grandes empresas para posicionar a incubadora como um prestador de serviços e fornecer formação para ilustrar o potencial da economia circular em África.

Graças à forte e duradoura relação entre Marta Sachy e o CAM, aproveitámos a oportunidade para lhe fazer algumas perguntas sobre a sua visita.

A sua última visita foi em 2014, como foi regressar à Beira depois de tantos anos?

Moçambique, claro, é sempre em casa. Como também digo no meu TedX sou um cubo de identidade.

Regressar à Beira foi um sonho que se tornou uma realidade. Senti falta dos aromas, das ruas, das pessoas. Posso dizer, sem dúvida, que foi um verdadeiro regresso a casa. No entanto, encontrei uma cidade aparentemente menos activa e mais descombinada, o que me levou a ter profundas reflexões sobre a precariedade deste território. Por um lado, vi uma Beira com mais edifícios de tijolos: a estrada que liga o Aeroporto à cidade quando saí em 2014 estava cheia de arrozais, agora está cheia de casas e há também um hospital privado. Há mais clubes, mas também estradas mais esburacadas. E, na minha opinião,  o foco social aumentou.

A situação precária das estradas também me impediu de chegar a Caia. Na altura queixávamo-nos de 4-7 horas para fazer a viagem da Beira a Caia, agora se tudo correr bem, demora 12 horas. O meu sonho de apanhar uma boleia até a Caia para o fim de semana teve de lidar com a realidade da mobilidade tornada ainda mais difícil pela falta de manutenção das vias terrestres.

Na sua opinião, qual é a força do CAM neste projecto?

Encontrei o CAM sólido, conhecido e organizado. Por coincidência pude encontrar-me com o Sr. Elias Lanquene Joaninho e com o Sr. Benjamin João Batista nos escritórios da Beira! Que fabulosa surpresa encontrar os dois colaboradores de longa data, agora em funções de grande responsabilidade pelo projecto de Caia.  O ponto forte? Inegavelmente continuidade. Um exemplo concreto: quando eu e a Margherita fomos a reuniões institucionais e lhes contei que de 2010 a 2014 trabalhei em Caia, toda a gente conhecia o CAM.

O encontro com o Diretor Provincial da Indústria e Comércio decorreu na presença de colaboradores que já me conheciam e com quem já tinha tido reuniões no passado. Acredito que a idea de continuidade das actividades é algo que pouquíssimas instituições têm e é fundamental para consolidar relações institucionais, projectos efectivos e a ideia de que estamos caminhando juntos.

Gostaríamos de agradecer a Marta Sachy pelo seu testemunho e à Fundação Aurora pelo relatório (aqui está o artigo no site da Fundação).

Vozes do Fórum Juvenil de Beria – Jovens Empreendedores da Economia Circular

Vozes do Fórum Juvenil de Beria – Jovens Empreendedores da Economia Circular

A 09 de Junho de 2023, decorreu o  Fórum Juvenil na cidade da Beira, um evento muito importante na agenda do projecto IaC (Inovação Circular) que permitiu a muitos jovens moçambicanos dar a conhecer as suas ideias de negócio.

O objectivo do Fórum era seleccionar, entre numerosos candidatos, três PME (Pequenas e Médias Empresas) que serão seguidamente acompanhadas durante dois anos num processo de transição para uma economia circular e sustentável.  Os jovens empreendedores tiveram então a oportunidade de apresentar as suas ideias de negócio através de um pitch, ou seja, um espaço de intervenção para ilustrar o seu negócio e convencer o júri a apoiá-lo.

Claro que não faltaram debates e conferências sobre o tema da Sustentabilidade na Economia de Hoje e do Amanhã. O Professor Jorge Fernando Brandão Pereira deu um interessante seminário sobre a Economia Circular e Verde, enquanto a Sheila Ibrahimo, uma empreendedora moçambicana de muito sucesso, falou sobre o Empreendedorismo Feminino em Moçambique. De facto, o Fórum teve como objectivo destacar as ideias empresariais das mulheres, apoiar a presença das mulheres na economia moçambicana. O Fórum terminou com um concerto realizado por vários artistas, incluindo o famoso Assa Matusse.

O Fórum foi um exemplo significativo de cooperação internacional, graças ao apoio Institucional da União Europea em Moçambique, da Embaixada Francesa em Moçambique e da Cooperação Alemã através da iniciativa UniNova GIZ graças ao apoio organizacional da Universidade Zambeze e da Universidade Licungo, que acolheram todos os eventos do Fórum, e da incubadora de negócios Palincune, que organizou o seminário do Prof. Pereira.

Abaixo, reunimos os testemunhos de alguns jovens que participaram no Fórum.

Qual foi a sessão de trabalho (conferência ou workshop) que mais gostou durante o Fórum? Porquê?

  • É muito difícil decidir qual eu gostei porque foram todos maravilhosos e complementares, por isso adorei todo o fórum, mas posso dizer que o workshop com os empreendedores da primeira semana, o workshop sobre ações sociais e sobre biodiversidade foram maravilhosos!
  • Todas as conferências e workshops foram óptimos porque foram interactivos e visaram transmitir conhecimentos específicos.

Qual é o valor que o Fórum Juvenil lhe transmitiu em relação à sustentabilidade e à economia circular?

  • O valor que eu tinha era ter um sentimento de pertença ao mundo e que é responsabilidade de todos nós cuidar do meio ambiente a partir de casa, porque o planeta é a casa de todos. É por isso que as acções de hoje podem ser a razão para um mundo melhor amanhã.
  • É um valor imensurável, aprendemos muito e pode, assim, mudar a consciência dos familiares, da comunidade em geral sobre a sustentabilidade e a economia circular.

Acha que o Fórum foi uma boa oportunidade para os jovens empreendedores se conhecerem e crescerem? Porquê?

  • Sim, foi excelente, porque abrimos nossas mentes para novos princípios e formas sustentáveis de fazer negócios, além de ter um networking maravilhoso.
  • As oportunidades que tivemos neste processo do fórum juvenil foram enormes, tivemos a oportunidade de discutir os nossos projectos e criar parcerias. Descobrimos que, além de empreendedores, também somos clientes uns dos outros. Todos os projectos se complementam.

Como se sentiu durante a apresentação do seu projecto?

  • Me senti muito feliz, orgulhosa e com uma ideia que pudesse ajudar as pessoas, foi um momento sensacional.
  • Senti-me bem, porque estava a “vender” o meu sonho e era uma oportunidade de levar mais pessoas a acreditarem num futuro sustentável e melhor para todos numa convivência saudável entre o homem e o ambiente.